A Ti, Poeta!
Lágrimas que brotam nos olhos
Vermelhos e sofridos
De tanto chorar.
Raiva de falsos governantes
De demagogos, de mentirosos
Que vivem o povo a enganar.
Angústias que atormentam rostos
De bocas trementes e queixos caídos
De tanto solitariamente desabafar.
A dor que oprime o peito
Que deixa o poeta sem jeito
Escrevendo, em silêncio, a soluçar.
Fome que aperta o estômago
Vazio e pobre de um povo sofrido
Que não tem o que comer.
Caneta que dança na mão do poeta
Desolada, desencantada
Que não sabe o que escrever.
Se conta das agruras da vida
Ou se mente da alegria fingida
Do mundo com que vive a sonhar.
Do mundo bonito que vislumbraste
Da dor ingrata que te maltrataste
Ou do medo que te faz calar.
Bata no peito e expulse
Essa dor que implora
Querendo de teu corpo sair!
Faze a Deus uma prece
Vê se do sofrimento esquece
E procura sempre sorrir.