SONHO

Poema vagamente baseado na poesia de uma certa borboleta

SONHO

É alterar

O rumo dos sentidos

E na negação de tudo

Ter-te comigo

Sonho

E planar sobre auroras boreais

Insuflar-nos das suas cores

E fazer delas as nossas

Os nossos estranhos ideais

Sonho

É plantar

Um Jardim Encantado

No lugar dum palácio de Gelo

Esperando que brotem belas flores

Sobre as cinzas

De um velho pesadelo

Sonho

É uma total abstracção

Que se funde

Com uma doce alienação

É acordar assustado

Porque o sonho

Tenha passado

Sonho

É beijar mil vezes o céu

E receber de volta

O carinho de mil estrelas

É dizer-te

E acreditares

Que de todas és a mais bela

Não por uma questão de amor

Mas da mais pura e louvável amizade

Que passa sobre as feridas que me causaste

Sem o saberes

Pois não quero que estejas a par

Dessa contrariedade

Porque o silêncio

Que se instalou entre nós

É o reverso desse sonho

São espasmos de pesadelo

Que suporto com as restantes dores

Gigante

Embora

Para os outros seja um modelo

Do sonhador

Alienado

Que não sabe para onde vai

Pois está quieto

E só se move empurrado

A barreira lá está

E eu estou à sua beira

Com maravilhas

Para te dar

Que tirei do meu quintal

Do tal Palácio de Gelo

Onde secretamente

Fiz uma réplica

Do teu Jardim Encantado

Para onde vou sonhar

E pensar

E sentir

Que de certa forma

Maneira

Ou feitio

Estás a meu lado

Sonho?