A CHUVA ME ENCANTA

A CHUVA ME ENCANTA

Eri Paiva

 

Já era tarde a noite!

Quando o sono se preparava para me pegar,

A chuva bate forte lá fora, pipocando nos telhados,

Fazendo sua festa em plena madrugada.

 

Não resisti!

Dificilmente eu resisto ao convite da chuva.

Ponho os pés nos chinelos e me posto

Á janela da cozinha e fico ali... namorando a chuva

Que caía, qual véu de noiva, por entre o claro das luzes

E por sobre os majestosos eucaliptos...

 

E eu fico assim...

Olho para o mais alto que meus olhos alcançam

Querendo buscar qual pedaço de nuvem está a chorar

Ou, quem sabe, a partilhar o seu rio de lágrimas...

E olho para baixo, o mais que posso,

Querendo saber que buraquinho na terra está a beber

Ou que montinho de grama está a se refrescar.

Onde a chuva cai, quero saber!

 

Esgueiro-me por sobre a janela e meu olhar tudo percorre,

As plantas, os matinhos, a terra, as calçadas, as ruas 

E me ponho feliz a sorrir, um claro sinal de que

Já não só vejo...  em mim, tudo é sentir...

 

A chuva me encanta, me fascina!

Penetra fundo o meu ser, minhas entranhas,

Tece em mim coisas lindas e estranhas,

Me revigora, me anima.

Sinto a molhar-me por dentro,

A refrescar-me o corpo, a limpar-me a alma

E, neste feliz antegozo,

Volto à cama e adormeço leve e calma.

 

Natal/RN - Brasil