Para Sylvana, Davi, Ana Cláudia e Ricardo.


Era a praça estendida ante o olhar feito tapete milenar
concha que engole o sol frio que nos espia
a regar os lábios com a água fresca da fonte
a mesma boca divina que é a voz de Roma...

Era um fim de tarde e o passo era lento, 
sem compromisso e nem ambição...
uma mulher súbita agita véus coloridos
no balanço ritmado de braços e mãos...

Noutro lado da praça o palhaço se faz de sombra
daqueles que atravessam o cenário eternizado
na certeza dos milênios que nos acariciam...
Pede aos gritos un bambino normale
para com ele reinventar medieval palhaçada...

A alma italiana que é velha e se recusa
a envelhecer
assombra como princesa abençoada a tarde 
no palco escancarado do Trastevere...
Dói apenas a brevidade deste instantâneo
a incerteza de depois ainda ser
mais uma pedra em Trastevere
quando enfim anoitecer.