QUE BOM SERIA...ATÉ EU ADORMECER
QUE BOM SERIA... ATÉ EU ADORMECER
Gostaria de viver
Bem no meio dum jardim,
Com perfume de jasmim.
Nem precisava colher
Bela rosa carmesim,
Só o cheiroso alecrim.
Sendo dona do jardim,
Eu teria muitas flores.
Flores de todas as cores,
Todas plantadas por mim.
Em meio a seus bons odores
Lhes cantaria louvores.
Flores sempre haveria,
Mesmo em qualquer estação,
Abertas ou em botão.
Com cuidado plantaria,
Tendo a máxima atenção,
Ao som de bela canção...
As flores eu regaria
Logo após o sol nascer,
Ou então no entardecer.
E a passarada viria
Voando se recolher,
Ou seu néctar colher.
Viria o joão-de-barro
Com a sua companheira
Pro alto da amendoeira.
No bico trazendo barro
Co'a perícia costumeira
Pra montar a cumeeira.
O canário e o sabiá,
Convidando os companheiros,
Cantariam nos coqueiros.
Lá no pé de manacá,
Os bem-te-vis tão brejeiros
Formariam seus poleiros.
Pois o lindo cardeal
De viva coloração,
Entoaria uma canção
Com seu amigo pardal.
Em alegre animação
Saltitando pelo chão.
Um traquinas beija-flor
Todo multicolorido,
Pelo jardim tão querido
Voando de flor em flor,
Haveria preferido
O jasmineiro florido.
Quero-quero, no telhado,
Gritaria a todo instante
Em seu “querer” incessante.
Pica-pau atarefado
Numa bicada estafante,
Ocava um tronco gigante.
Passeando pela alameda
Sob acácias e paineiras,
Passaria horas inteiras.
Andando pela vereda
No meio das castanheiras,
Eu desceria as ladeiras.
Pelos canteiros de hortênsia
Parava pra admirar,
Pois dá gosto de se olhar,
Foram feitas com paciência.
Natureza pra talhar
Teve que se aprimorar.
A violeta e o amor-perfeito
Com tão grande perfeição,
Que enternece o coração.
Na rosa não há defeito.
Quanto ao cravo, a Criação,
Talhou com dedicação.
Debaixo do laranjal
Sestearia em minha rede,
Depois de saciar a sede.
E um bonito roseiral
Ia subindo a parede,
Cuja altura nem se mede!...
Neste jardim paraíso
Nada mais queria ter.
Porque desde o amanhecer,
Mil motivos pro sorriso
Embalariam meu ser,
Até eu adormecer!...
N: REEDITADO.