A pescaria

Quando o bote transpunha a barra do rio Açu,

Começava a agitar-se, impulsionado pelas ondas.

Íamos para uma pescaria no chamado Lamarão,

Onde os navios ancoravam,

Longe do antigo porto

Que até a primeira década deste século

Abrigava embarcações de todas as bandeiras,

De escunas escandinavas a galeras inglesas.

Logo ao sair da barra, as gaivotas

E garças multiplicavam-se.

Raros bicos-tortos

Sobrevoavam a pequena embarcação,

Enquanto bando de andorinhas era uma escura

Mancha se deslocando a grande altura.

E o mar sem limites sugeria ao menino

A aventura de grandes viagens,

O desejo de atingir portos longínquos,

Praias desconhecidas,

Terras do outro lado do Atlântico.

Às vezes o vento, um nordeste camarada,

Servia para amenizar o calor do sol;

Outras vezes começávamos a ser fustigados

Por um leste incômodo e agressivo,

Quase sempre interrompendo a pescaria,

Pois as águas eriçadas afastavam os peixes.

E se esgotava em todos nós a paciência

De ficar segurando demoradamente a linha,

Com isca e anzol mergulhados no mar.

Izan Lucena Lucena
Enviado por Izan Lucena Lucena em 23/09/2013
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