Abacateiro
Lembro-me da minha infância
Brincando à beira do riacho
Pedrinhas jogava à distancia
Na água e ouvindo coaxo.
No quintal tinha um abacateiro
E brincávamos fazendo um escarcéu
Tão alto era aquele abacateiro
Que parecia encostar-se ao céu.
Minha irmã um dia caiu
Lá de cima do abacateiro
Graças dei a Deus que a conduziu.
Livrando-a do perigo inteiro
Mas, por certo não se livrou.
Da coça que a aguardava
Mesmo a perna que no arame rasgou
Doendo pedia não me bata e gritava.
Quando a noite fria caía
Ansiosos, os adultos se reuniam.
Para contar velhas histórias
E curiosas, as crianças tudo ouviam.
Na hora dava arrepio
De toda história que ouvia
Muito medo e certo vazio
Que a noite pesadelo trazia.
Eram tantos os pesadelos
Assustadores e bem vivos
Arrepiava-me todo pêlo.
Sentia medos aflitivos.
Desejava não ver o anoitecer
E não tivesse que dormir
Pois o medo assim ia acontecer
E os fantasmas, meu sono invadir.
Mas na manhã seguinte
Dos pesadelos não mais lembrava
Para fora ia correndo contente
E muitos abacates no chão pegava.