SEDE
SEDE
Toda porção divergente
De um gélido sonho
Nem sempre é abandono
Às vezes é a lua, ou uma estrela
Girando na complacência
Um vulto sóbrio de certeza
Ou uma insensata frieza
Na alma quando sangra a lembrança
Vem vestida de sabores e dores
Envelhecidos pela espera
O cálice da poesia
A espumar na boca
O gosto da ilusão
Que ainda boceja
A fértil e febril nobreza
De ser diferente
Com a força na íris da presa
Gritando o pão da paciência
O velho amor no palco atuando
A balsa da esperança
Lá vou eu num vôo livre
Sem bagagens e sem disfarces
No rio da saudade
Adejando teu riso omisso
Como uma folha ao leito
Do que fomos,
Passeio na plataforma dos sonhos
De que um dia fincarei raízes...
Aos pés de um verso largo
De felicidade!
Poesia Marisa Zenatte