Riso
Não há nada de novo no mundo, isto tudo sempre foi...
Quem pensa que o novo esta ai, engana-se, é pura utopia.
Pra falar a verdade o novo e uma reconstrução do ser.
Tudo vem de algo que sempre foi: o cosmos.
Nossa mesa da cozinha, a cortina, o prato e o talher,
O carro, a arma, a televisão e o computador,
Tudo é natureza e tudo volta a ser.
Existe apenas a magia incrível do riso.
Sim! Do riso, cego e inoportuno de quem não esperava o novo.
Porque o riso expressa a emoção presa
Da inquietação da alma, da vozearia atômica,
Do desprezo solitário da nossa mente aflita,
Que recusa a acreditar no que é tão claro.
O riso expulsa as dores maléficas
Que já não agüentamos mais.
E nisso tudo vai aparecendo, permanecendo,
Desprovendo, pertencendo, como um jogo feroz,
Onde somente o riso o autor máximo da alegria
Cosengue acalmar o coração esvaziado.
Agora nossa mente é um turbilhão categórico
Do medo da "verdade" do novo no mundo.
Já não existe eu, tu, ele, nós, nem ninguém,
O mundo agora é uma única coisa,
Uma massa sólida, dura e concreta de um todo,
Onde tudo volta a ser exatamente como era.
Então, televisão, rádio, cadeira, celular, jornal,
Bicicleta, relógio, camisa, pele e osso,
Voltam a ser natureza, universo.
Mas sobrou o riso, esse construtor de alegorias,
De alegrias, de maravilhas em mentes tão perturbadas.
Sim! Sobrou o riso do palhaço, do menino, da vitória.
Porque em qualquer ocasião o riso é novo,
Não depende de matéria, nem de olhar,
Nem de voz, nem de cheiro.
Ele é uma construção natural de cada autor
Mesmo que ele já não exista.
O riso é o novo mundo, não da reconstrução,
Mas da construção em si mesmo,
Do fôlego renovado da nossa cruel existência.