Alma Azul

Em homenagem ao pequenino observador Juan Pablo

Pequenino ele me olha com olhos de águia

Sinto que vai lá dentro de minha alma triste

Pega alguma coisa que me incomoda

E traz para minha frente o medo do dia e o pavor da noite

Pequenino ele me olha profundamente

Pergunta pela mãe o que há de comer

Lá vai eu de novo sofrendo com as dores de minha alma pálida

E aliviado, por ora, observo-lhe comer

Pequenino ele pede para se banhar

Olha com cara feia e bravo como a de um Leão

Carinhosamente a mãe o segue e penso na ingenuidade e na insegurança de uma criança

Minha alma fica cega, temente e marrom.

Pequenino ele me observa ao longe. Observa meus movimentos, minhas palavras e exageros

Pergunta à mãe onde vai dormir

Sinto minha alma insegura e amarelada

E penso naqueles que resolveram se responsabilizar por uma criança nesse mundo.

Pequenino ele dorme como um anjo

Observo sua respiração profunda e amaciada

Penso o que é a vida simples, acesa e apagada

Já não penso em mim, mas na alma azul e livre da criança que dorme segura e sossegada.