Ensaio para viver.

Era para ser um dia como outro qualquer sem muita agitação, uma monotonia característica dos dias naquela pequena vila, onde os sonhos dos garotos a correrem com seus papagaios coloridos traziam em mim vez ou outra os mesmos desejos da juventude, de me lançar ao vento e viajar, conhecer os lugares mais inusitados e maravilhosos nessa terra de meu Deus. Já havia me conformados com o dissipar da juventude, aceitado em mim a constatação de que o tempo impiedosamente já havia varrido os meus sonhos, entreguei-me a angustiante espera do futuro que traz como um indesejável presente, embrulhado em uma caixa de ilusão, o envelhecer, algo pelo qual todos estão destinados, mas que temem mais que qualquer outra coisa.

Pouco me importa como vou envelhecer, contanto que eu possa me sentar a varanda todos os dias com o velho violão encostado ao peito e dedilhar uma canção de manhã para despertar o dia e outra ao anoitecer para acordar as estrelas.