EPOPEIA DUMA RUA (Canto Segundo)

(O.K., o melhor é irem até à minha Rua da Saudade [pag. 2, dos meus textos], para se situarem... Voltem depois, eu espero...)

EPOPEIA DUMA RUA

(CANTO SEGUNDO)

Na Rua da Minha Saudade

Passaram muitos de vós,

Eu acho que na verdade

Foi ela que passou por nós!

Uns que deixaram recado,

Outros um olhar d' emoção,

Mas a todos, com agrado,

Quis tocar o coração.

Mas dos perfumes deixados,

Um houve que eu anuncio:

O mais doce dos recados,

Em jeito de desafio.

Como luz que iluminou

A Claraluna falou:

"-Tera, onde era essa morada,

Essa rua, essa calçada

De que falas com amor?

Será que essa rua existe

Ou é a saudade triste

Daquilo que não ficou?

O teu cantar é bonito,

O tom plangente é um grito

De belas canções de amor,

De Portugal do passado

Que hoje vive afobado,

Preocupado com a dor.

Será que o tempo retorna

Ou a saudade transforma

As pedras lisas em flor?

Minha linda poetisa,

O teu canto me encantou!"

Meu Deus! - eu digo aqui,

Que linda flor mereci!!

Plantei no meu coração

Uma sementinha de amor,

Em sonho de ser botão

Duma resposta em primor.

Mas, prisioneira do tempo,

Deixei a brisa passar,

E ela, rosa dos ventos,

Floresceu noutro lugar:

Esse lugar encantado

Que é o recanto da Hull,

Doce jardim perfumado

De talento e azul...

E alguém que lá passou,

Directo da minha rua,

Com alegria adoçou

A saudade, também sua!

Edson Gonçalves Ferreira,

Deitou achas na fogueira:

"-Onde estão as ruas amorosas

Consagradas por seus pés de princesas?

Quero andar por esses caminhos

Em busca dos seus olhares sedutores...

Onde estão as casas amadas

Cercadas de passarinhos,

Porta-vozes dos meus recados amorosos?"

Quem pode ficar indiferente

A apelo tão comovente?...

(Continua... Há ainda Canto Terceiro...)

Tera