Quatrocentos

Não um simples número,

mas uma marca

a ser comemorada,

soldada e selada,

de poemas de falas caladas,

nas caladas das noites,

na dor do açoite

ou açoitado pelo amor,

durante o compartilhamento

ou mesmo diante do confinamento.

Quatrocentos trabalhos,

de quatrocentas inspirações aproveitadas,

dentre tantas outras não aprisionadas,

como o vento que veio, varreu o centeio,

secou a roupa no varal,

atravessou a gaiola,

refrescou o passarinho azul

e passou, a caminho do sul.

Poderia ter ido para o norte,

mas o que importa a direção,

no terreiro da criação?

Quatrocentas ajudas,

quatrocentas mudas,

quatrocentas sementes,

algumas inteligentes, outras inocentes

e eu estou muito contente,

pelas quatrocentas árvores plantadas

e se seus frutos forem livros,

prometo que deles não me sirvo,

mas desde que sirvam para servir

para alguém.