Branco e Preto

Mãos de mármore

Finas e graciosas

Despedaçam o improvável

Na litera dos anos dourados

Selos de epístolas

Amareladas na gaveta

Teia de Cronos

Nas paredes as manchas

Os cachorros, o baú de carvalho

No porão da casa passada

Esqueletos de marfim

Piratas de pernas de borracha

Na mesa o rosário caído

De contas de lágrimas

Do subúrbio de eras pretéritas

Nos montes da igreja

Já não canta o silêncio

A morada dormiu

No caminho de cores

Os opostos enamorados

Despida de areia e barro

No contraste da linha vista

Na fenda de ouro

De latão a nau viaja

No peito o espelho

Preto e branco

Flores murchas do canteiro

A vida nua e rica

Valdecir Rezende de Souza
Enviado por Valdecir Rezende de Souza em 24/02/2024
Reeditado em 25/02/2024
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