Ela cansa

Ela está cansada e essa é a grande verdade.

Ela está cansada de verdade, de tudo, de todos, de si.

Todos os dias ela acorda com um tristeza no olhar e um desânimo na alma. Não é o dia que é ruim, é a vida. Ela sabe que não deveria se sentir assim, que deveria ser grata por sua vida, mas não consegue. Se sente culpada, todavia não consegue se livrar dessa fatiga de viver todos os dias iguais.

A sua vida parece uma janela pela qual ela observa as coisas que acontece na sua vida como se não fosse com ela. É idiotice, ela sabe, mas todas as pessoas parecem felizes lá fora, só ela que se sente assim. Não é infelicidade, ela não é uma pessoa triste, talvez seja uma pessoa anestesiada, que perdeu o encanto das conquistas que parecem parceladas em 15x eternidade e nunca acontecem.

A vida parece sempre está escondendo algo dela.

Será que a vida é só isso? Onde está a felicidade que tanto se prega? A vida não pode ser só essa janela onde tudo acontece lá fora, como se não fosse com a gente. Onde tem-se a impressão que a felicidade está com os outros, ou que a felicidade escolha apenas alguns.

Viver tem que ser mais que acumular cansaço, cicatrizes e remorsos bobos. Talvez não seja a vida que seja cruel, mas nós que sempre achamos que merecemos mais. Estamos sempre esperando algo a mais: mais amor, mais felicidade, mais dinheiro, com uma fome que nunca sacia.

Ela tinha mais cicatrizes que palavras, mais mágoas que ternura, mais dias sem sol do que calmaria. A chuva torrencial de problemas parece nunca cessar, obrigando-a a ficar em casa.

Onde a vida acontece?

Lá fora?

Ela que está cansada e com cicatrizes, desanimada e vazia, pergunta verdades a vida lá fora, no entanto, pelo vidro, ninguém parece escutar ou sequer parar para isso. Tudo está silencioso. Nenhum som atravessa a janela. Talvez ela deva falar pra dentro. Para sua casa interior.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 30/08/2017
Código do texto: T6099949
Classificação de conteúdo: seguro