Há manhãs

Vê. Sente a vida como é boa!

Abre a janela bem cedinho...

Deixa o sol entrar.

Toca com as tuas próprias mãos

a brisa primeira da manhã.

Sente o vento...

Galgando espaço pelas frestas da cortina,

acariciando-te o rosto,

percorrendo todo o teu corpo.

Vê! Se já podes, vê.

O ar, entrando sorrateiro por suas narinas,

envenenando-te os pulmões,

embriagando-te as palavras

- que a essa hora -

desenrolam-se manhosas por entre os lábios.

Recusa-te ao sono matutino.

Mesmo que a cama tente te convencer do contrário.

Não permitas que os bocejos que deslizam por tua boca o controle.

Desperta-te pela manhã, uma vez que seja em toda a sua vida,

e abra a janela.