Alguma coisa

No limiar de uma noite chuvosa paro para pensar sobre a riqueza de um homem!

Seria a sua capacidade insaciável de ser incompleto?

Nessa nuance ontológica

consigo me visualizar como um ser em devir, em eterna incompletude!

As palavras não são capazes de definir

quem sou e nem como sou

— tenho dificuldades em aceitar o confinamento das mesmas.

É complicado ser apenas um sujeito

que anda pelas ruas e avenidas

com destino, ou sem destino

que olha o relógio que marca a hora sem sentido

ou que compra o livro na livraria da esquina

sempre às 18 h, numa espécie de ritual apócrifo

e procura a lapiseira para escrever palavras inócuas

que vê o tempo passar, passar, simplesmente passar.

Mas eu continuo desbravando o suave som da chuva nas teias e no chão

e necessitando dos outros.

Que proeza seria

renovar o homem

usando a sua finitude!

Professor Luiz Carlos
Enviado por Professor Luiz Carlos em 10/03/2017
Código do texto: T5937185
Classificação de conteúdo: seguro