FOLHA EM BRANCO

Estou diante de uma folha de papel levemente amarelada pelo tempo que registrou inúmeros momentos felizes. Tento compreender depois de tanto tempo como eles foram registrados naquela folha, que originalmente era branca, e por que perderam a sua cor original! É difícil o entendimento. O tempo implacavelmente alterou não somente a cor do papel, mas também o sentimento do poeta que as escreveu! Sim, o tempo modifica cores, originalidades, sentimentos, visões, pessoas, lugares, até envelhece o poeta! Uma música instrumental baixinha provoca calafrios e recordações que não podem ser mais escritas. O mal de Parkinson impede o poeta de segurar a caneta e escrever em uma nova folha em branco! Que angústia! O tempo também altera a forma de escrever fatos e versões. A nova folha em branco é uma mente que tenta resgatar momentos para que ela não amarele. Seria o fim! Compreendi, se é que compreendi que a única maneira seria fazer com que as palavras não fossem escritas em uma folha de papel normal, mas no verso do papel, que misteriosamente ainda conserva um leve tom de brancura! As palavras seguintes virão com o passar da página, mas no verso da folha seguinte, das folhas seguintes