A CIDADE PASSOU
A cidade se estendeu...
Entornou esticou em ruas, todas nuas
E como arco passou pelo rio...
Unindo assim a duas margens.
E pela ponte passou as águas
Passou o andarilho, o cachorro a bengala.
E como mala passou o saco, no passo a passo
O suor passou como o sal, era estorvo
Ai passou o carro o crepúsculo
O horizonte e a fonte
O grito do lado de cá
O eco expandindo aos montes
Passou também o boiadeiro...
A boiada o tropeiro o berrante
Ate aquele homem errante!
Passou por aquela velha ponte.
Passou todos os carros que hoje veio
Mas, que ontem foi...
Foi em direção ao sul ao norte
E no ultimo sopro de vida passou
O viver de braços com a morte
A cidades é claro se estendeu!
E por ela em claro passou a sede a fome
O homem o assassino o lobisomem
Os passos os sacos os poços e os ossos
Passou até a bala perdida carregando
Um moço que era tão moço!
E também passou pela tal desova...
Um corpo que ninguém não sabe quem é!
Não conhece nem nunca foi visto
E a compaixão também passou...
Passou assim tão simples, como os...
Ensinamentos de Jesus Cristo.
Antonio Montes