ÓCIO

Leio mais um capítulo

nos cantos de um cubículo,

livros velhos, empilhados...

vejo as cinco da matina

o sono e a nicotina

inimigos declarados.

O meu ócio é, sobretudo,

um criado, quase mudo

que de tudo anda farto

vejo os fungos, os bolores

que assim como os amores

encrustaram no meu quarto.

enfim, estamos sós

o meu corpo e os lençóis

livres de todo afã

amo assim, ficar deitado

com meu olhos em Machado

e os ouvidos em Chopin.