Preto e branco

Não a beijaria mais,

nunca mais,

e nunca mais seria homem alto.

Os calmos cabelos brancos

deitariam à brisa,

Qualquer praia, à veneza dos

corpos jovens, ou ao bósforo

como golpe desferido no tempo.

Não a entenderia mais,

mais do que nunca estaria

em outro pensamento ausente.

Os espasmos e a tosse aguda

remendariam os dias,

prendendo as carnes ao

desejo de preencher o sorriso

vazio.

Não estancaria mais o sangue

da ferida que ela era,

e assim deixaria-se correr

como um rubro rio, agonizante

e desejoso, rumo a um mar

consolador.

E assim viveria mais

um colorido e encapsulado dia,

e assim tornaria a ser

um ciclo sem fim.

Não a beijaria mais.

Hans Cristian Koch
Enviado por Hans Cristian Koch em 20/11/2013
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