Preto e branco
Não a beijaria mais,
nunca mais,
e nunca mais seria homem alto.
Os calmos cabelos brancos
deitariam à brisa,
Qualquer praia, à veneza dos
corpos jovens, ou ao bósforo
como golpe desferido no tempo.
Não a entenderia mais,
mais do que nunca estaria
em outro pensamento ausente.
Os espasmos e a tosse aguda
remendariam os dias,
prendendo as carnes ao
desejo de preencher o sorriso
vazio.
Não estancaria mais o sangue
da ferida que ela era,
e assim deixaria-se correr
como um rubro rio, agonizante
e desejoso, rumo a um mar
consolador.
E assim viveria mais
um colorido e encapsulado dia,
e assim tornaria a ser
um ciclo sem fim.
Não a beijaria mais.