O porto e seus navios

a cidade e seus prédios altos.

as montanhas e sua neve.

os sonhos e seus monstros.

os monstros e seus sonhos.

o vento e as palavras que ele carrega.

o céu e os desenhos que imitam os homens.

as ruas e seus mendigos.

o porto e os seus navios.

os meninos e seus pássaros empalhados.

os homens e suas conquistas.

bicicletas e todas as estradas acolhidas.

as fotos e todo o passado.

os trigais e toda a liberdade.

o pescador e todos os pensamentos.

as mulheres e todos os remendos que fazem nas vidas.

padres e todas as cores para salvar pecados.

os bilhetes e todos os mundos criados.

a dança e todos os rodopios.

as portas e as conjecturas.

os cortes e todas as possibilidades de cura.

todas as faces carregadas no olhar.

todas as mulheres que cantam com voz forte.

os velhos e todas as tradições.

as badaladas de todos os sinos ao meio dia.

os hoteis e todos os pedaços de vida colados.

as melodias que abraçam o fim de todas as tardes

a ousadia de nascer de todas as manhãs de segunda-feira.

todo o fogo que queima sobre o mar de sangue.

todo o chão e os tapetes de veludo vermelho.

toda as taças de vinho da redenção.

todos os pássaros e o bater de asas antes da queda livre.

todos os pregos cravados na parede de tábuas velhas.

todas as despedidas e inconstâncias de um adeus.

memórias todas de um quadro na parede.

beijos todos de um dia em preto e branco.

o todo, e o nada.

as moças e seus cabelos vermelhos.

os moços tão longe de seus cabelos vermelhos.

Hans Cristian Koch
Enviado por Hans Cristian Koch em 13/11/2013
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