MASSA DISFORME

Outra vez a mesma impressão:

revela, incerta luz difusa e vaga, de longe

de sobre nuvens

a má sorte de um temporal. Encontro regalo ao sol obtuso

evidente sinal do inexorável fim

desse mundo meu, tão particular quanto a ficção de um dia,

como memória saborosa

de uma sequência de fotogramas reeditados,

antigas cópias resgatadas do esquecimento,

exibidas - última vez no salão...

Néscio mundo, vasto

imundo, blimundo.

E mais nada poeria.

Sobre as máscaras o temporal

desmancha - num lampejo -

minha sorte, um liame. Fica

na mão direita a massa disforme

da minha cara. E nela outra vez a mesma impressão.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 22/03/2013
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