MASSA DISFORME
Outra vez a mesma impressão:
revela, incerta luz difusa e vaga, de longe
de sobre nuvens
a má sorte de um temporal. Encontro regalo ao sol obtuso
evidente sinal do inexorável fim
desse mundo meu, tão particular quanto a ficção de um dia,
como memória saborosa
de uma sequência de fotogramas reeditados,
antigas cópias resgatadas do esquecimento,
exibidas - última vez no salão...
Néscio mundo, vasto
imundo, blimundo.
E mais nada poeria.
Sobre as máscaras o temporal
desmancha - num lampejo -
minha sorte, um liame. Fica
na mão direita a massa disforme
da minha cara. E nela outra vez a mesma impressão.