Chuva de Borboletas

Outubro de 2006

Bem não sei aonde vão

Borboletas

Do estuário

Bem não sei de onde vem

Borboletas

Imaginário

Só sei que passam e onde voam

Abanam o cabelo vivo da menina

Que estendendo a roupa nova no varal

Lembra um verso de amor e sua rima

Bem não sei onde querem ir

Borboletas

Amarelas

Chuvas deitadas sobre o rio

Borboletas

As mais belas

Só sei que voam e onde passam

Pousam no remo do velhinho

Que coloca o matapi naquele casco

Lembra o tocar no rosto com carinho

Bem não sei para que voam

Borboletas

Dessa mata

Bem não sei qual motivo

Borboletas

As mais gratas

Só sei que dançam e onde dançam

Alegram a senhora já cansada

Que esfrega a rede puída no trapiche

Lembra os arrastes dos bailes, animada

Bem não sei o porque

Borboletas

Libertárias

O que norteiam seu caminho?

Borboletas

Invejadas

Só sei que livres deslizam pelo rio

Desviam do homem valente

Que vendo elas assim independentes

Lembra o que quer pra sua gente

Bem não quis reparar

Borboletas

Que só vão

Bem desejo saber

Borboletas

Criação

Eu só queria bem saber

Por que correm assim tão velozes?

Mas nunca como eu nessa cidade

Meus motivos são fúteis, tão atrozes

Bem eu invejo a destreza

Borboletas

Do estuário

Que paz eu teria com certeza

Só me resta

Imaginário