A Aurora

Madrugada a clarear

Na quinta galo a cantar

Brisa fria que sopra

Resto de lua a chorar.

Sereno frio que cai

Relva verde a molhar

Horizonte que se ilumina

Estrela d’alva a brilhar.

Seresteiros a debandar

Na rua vozes tagarelam

Muitos que ainda sonham

Outros a despertar.

Pregões ao amanhecer

Pássaros a gorjear

Orações a agradecer

E ladinhas a cantar.

Raios dourados que exalam

Sol do amanhecer

Lago a espelhar

Nuvens a alvejar.

Chaminé em ação

Fumaça a expelir

Talvez anunciando

Café com pão a servir.

Bela aurora a raiar

A nascer um novo dia

O clarão da liberdade

Traz nova alegria.

Comboieiro cantarolando

Ave longe a cortejar

Como se assim estivessem

A alvorada a festejar.

Passarada em revoada

Carruagem a circular

Na capela o sino toca

A chamar para rezar.

No curral a se ordenhar

Pra leite puro juntar

E depois de se ferver

Logo poder tomar.

Flores em desabrocho

Bom dia a se desejar

Como se anunciando

Um novo dia a chegar.

Belo sol a luzir

Crepúsculo sempre a sumir

Calor que desperta a vida

Fulgor dourado a refletir.

Chega o amanhecer

Tudo para se fazer

Depois do alimentar

É sair pra trabalhar.