UMA ALDEÃ AMAMENTANTO

Com a tela virgem à frente, e a inspiração,

No labor em que hora o acaso me alimenta,

Da tinta removida, se apresenta

A tarde em um recanto do sertão.

A família repousa no quintal.

A casa rude, cujas cores lamacentas,

Está sob a mangueira dada a um canto,

E uma jovem mãe sentada em um banco

A amamentar tranqüila o seu rebento.

E em seu colo, com os pés erguidos,

O menino arrasta o seu vestido

E suga-lhe, da mãe, o alimento...

As tetas nuas, seu olhar no filho...

E a tarde a adormecer no doce idílio...

E um rude pai, ali também sentado,

Que o remover da tinta deixa ao lado...

E um cachorro estendido lá no chão...

Desenho ainda em sua retaguarda

Um bosque, flores acesas, o arrebol...

E o silêncio de uma tarde no sertão.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 23/11/2008
Reeditado em 23/11/2008
Código do texto: T1299243