POÉTICA
O silêncio
preenche
o vazio.
Espectros perambulam
pelos lugares,
penetram nas casas,
nos corpos.
A noite desaparece
do Tempo.
Elo para a comunhão
entre todos os seres,
milagre primordial
da existência.
Há bilhões e bilhões
de anos
a mesma cena
se repete.
É necessário que tudo
se complete
num ciclo infindável
de eternidade.
Há que se morrer
uma, duas,
três vezes.
Até que a morte
atestará
sua inverossimilhança
e não significará
nada.
E assim,
no alegre desespero
de viver,
a vida há de ser celebrada
como o fogo
primeiro e último
de todos os seres.