ANJOS BANIDOS

No entanto, pedras na estrada

não guardam sangue

- mas o perfume das rosas,

e resolutos caminhamos

sem presságios,

e almas nuas sob o sol do deserto

encaramos os negros cães das sombras

que se nos impedem a água e o descanso,

permitem que o sonho domine

os olhos sedentos.

Já não chamamos nomes desejados,

o balbuciar sem sentido

mais do que linguagem

é o elo que nos prende ao Kosmos,

anjos banidos carregamos as asas

amassadas nas costas marcadas

pelo fogo das batalhas

que apenas nos delírios retornam,

e lúcidos, porém acordados

esperamos, esperamos pela lua cheia

para despirmos o que restou

do passado, e nos braços de uma mulher

definida em mitos, cheguemos enfim

ao destino anunciado