um farol

Na penumbra de minha febre, um farol,

Sinalizando a vastidão de tua ausência.

Quando te ocultas, dissolvo-me,

Um nome, agora sem forma, na escuridão

Que antes se vestia menos cruel.

A noite, agora, um palco para a revelação

Da tua falta, cresce, se espalha,

Infiltra-se em cada recanto deste ser—

Tanto fruta madura quanto doença,

Despojando-me de toda certeza.

Com palavras, tento esboçar-te,

Ignorando o orvalho que tua sombra projeta,

Uma malha sensual, alegoria de tua essência,

O suor de tua languidez, meu retorno ao mundo.

Silêncio, um véu que tudo consome,

Foge do meu olhar, e eu, perdido,

Reconheço-me no mesmo oceano,

Aguardando o fim da colheita.

Água e fogo, dualidade que não se exclui,

Reclamam o mundo—uma ilusão se afogando,

Belo e transloucado.

O fogo, transformando em cinzas,

Não apenas arde, mas eloquentemente declara

O precipício nas coisas;

E o vento, em seguida, leva o que restou,

De outro modo, inconsistentemente.

Persiste uma dor, madura e solene,

Espalhando-se, infiltrando-se nas paredes,

Nos vasos comunicantes onde as palavras

Lutam para nomear o que ainda vive,

À janela selada, à fruta, ao tempo,

E à morte, tecendo sua renda mais fina.

Embora não mais repouses sobre meus ombros,

Afago a memória de tua ausência,

Mordo o vazio, buscando o que não se encontra,

E deito sobre a relva de um sonho,

Onde, de mãos dadas, dançamos no limiar do outro,

Até que, no silêncio da epifania,

Soletrarei todas as letras de teu nome,