todas as letras

E tu, corpóreo sentimento, está em mim,

Às vezes na traqueia, apertando, como um nó

A fechar a avenida de sangue, às vezes entranhado

Como um bicho, uma aranha a obsedar-me por meu

Labirinto escuro, e tenho febre quando tua praça

Não vejo, meu nome, nem a iluminura que outrora

Fez a noite mais menos enganosa

E tu, ainda que me descrevas de

Madrugada, não sabes da minha pele sendo banhada

Pela aurora mais jovial, de uma manhã ainda virgem

A me colocar no mundo, e teus braços, feitos abraços,

Que saudades! Profunda melancolia que não me desvenda,

Outro, cobre-o em silêncio fértil e diligente,

Esgueiro essa imagem, e sou essas lágrimas a descer

Na face e me afogar no fogo das entranhas, água e fogo,

Nada lembra tanto o fim do mundo como um afogamento

De uma ilusão e o que dizer do fogo que todos seus filhos

São cinzas e depois, o vento a levar o que sobrou,

O vão inaudito do vácuo solitário do que já não é, mas persiste

E desfere contra si o golpe nunca derradeiro,

Mas que estende a dor, capilaridade que se junta às paredes,

À janela fechada, à fruta já seca e esgotada, e embora

Não esteja mais na vestimenta dos ombros, acaricio tua falta,

E a mordo sem que o dente saiba de seu esconderijo

E deito sobre uma relva que acesa na imaginação,

Já rolamos e nos amamos, só depois saberia todas as letras

De teu nome.