Um toque

Nada é imaginário,

Quando se sente,

Na pele a verdade,

Aquele formigueiro,

O desfilar derradeiro,

Das mãos ao contacto certeiro,

Naquele campo minando de sensações,

Explora-lo em todas as posições,

Deixando ao extremo limite,

Sem que nada te limite,

Na onda de arrepios agudos,

Descobrindo outros sentidos,

As mãos conhecem bem às áreas,

Tomo em ti todas as rédeas,

Desse seu pavio curto,

Onde seu corpo convulsiona,

Tudo em ti é explosivo,

Tudo se adiciona,

Tiro certeiro no escuro,

Seus lençóis todos húmidos,

Senti-os ao toque,

Bem na ponta dos dedos,

Vá que provoque,

Combinando os gemidos,

Na altura certa,

Buscas tantas perguntas,

Como se soubesses as respostas,

Sua pele exposta,

A radiação das minhas mãos,

Que te definia com toda inspiração,

Aula prática de anatomia,

Inspeccionei os lábios

Com toque dos lábios,

Deixando a língua ganhar autonomia,

De um novo toque delirante,

Um toque ao momento,

Dois corpos entregues ao prazer,

Duas almas no querer,

Dois amantes do sentimento,

Tradução do braile em nós,

Quase perdeste a voz,

De tanto suspirar continuamente,

Pois eu ia, sempre que vinha,

Naquele vértice da linha infinita,

Onde deixei inspirar a poesia,

De cada toque que fazia magia,

Combinar único, pura sintonia,

Despi-te todo medo da alma,

Despertando emoções escondidas,

As mãos buscaram as áreas recônditas,

Comunicando-se com cada pigmento seu,

Vimos a ilusão e a magia do céu,

Numa linguagem além do gestual,

Revelações do nosso ser animal,

Em cada ímpeto movimento,

Uma nova versão do vocabulário,

Um aprendizado de nós,

Atados no desejo de um toque,

Sagacidade de aprendiz,,

Com autenticidade do mestre

Deixando em ti as marcas,

Tatuagens que nem o tempo apaga,

Pois, tudo que toco se transforma,

É essa a lei,

Que as mãos seguem ao tocar,

Para que nada te falte (...)

(M&M)