UNICÓRNIO BRANCO

Há pessoas que têm animais de estimação,

uns são gatos, outros cachorros.

Existem aqueles que gostam de pássaros,

periquitos, canários e papagaios.

Já eu, menino, tinha um unicórnio,

alvo como a neve e branco que nem a luz.

Eduardo, meu vizinho,

dizia que tinha um anjo da guarda

- porém, quem precisa de anjos

com um unicórnio branco ao seu lado?

Meu unicórnio não tinha nome,

apelido, epiteto, nem era batizado.

Mas eu, que ainda não brincava com as palavras,

cavalgava o mundo muitas vezes

sem sequer sair do quarto.

O unicórnio branco era manso e calmo,

como dóceis devem ser todas boas amizades.

Vivia nu em pelo,

puro e leitoso que nem seio de mãe,

e com ele junto, perto e chegado,

não tinha medo de nada,

de bruxas, dragões, monstros ou fantasmas,

era só fechar os olhos

e voar para o alto em seu dorso alado.

Por não ser azul como o teu, Sílvio,

ele nunca de mim se perdeu,

fugiu, sumiu ou desapareceu.

Se hoje ele não está comigo a me acompanhar

foi porque o deixei sozinho e esquecido

naquele quarto que ficou lá atrás.

Quando tenho saudades do meu unicórnio branco,

retorno à casa do menino e vou com ele

novamente brincar, cavalgar e voar.

Meu unicórnio tem a imortalidade

duradoura das minhas lembranças

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 12/05/2024
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