Maldito cerrado

Maldito cerrado! terra que meus lábios suportam,

terra seca, que me fez render à lágrimas a sede,

Aí! maldito cerrado, em tuas poças minha imagem,

em teus caminhos, ao céu limpo estrelas cedem,

Tal és o perigo, de tuas encruzilhadas,

tão gigante é a dor, que já nem mais se fala,

tão mortos seus horizontes, temo que reflitam os meus,

tal é a secura, que deste país só sobra amarelo e o anil do céu

Como é doce ao relento dançar com a vaga,

deitar se sobre tal mata molhada, indo além do firmamento,

boiar em corpos de água, as costas, quase, aladas,

Terror! esse maldito me acorda sem mísera flora

suas noites me sussurram canções à margem do ouvido,

essas que pintam, quadros inteiros, padroeiros desconhecidos,

a! é de tal imensa beleza essa sua suavidade,

como, rajada de amor cândido, que beija me a face,

Como é raro a ti ! mas as vezes Iansã se balança,

do pouco que branda essa terra, em algo dela jaz um temporal

quando, sobre minha sensível pele tu pouco se estende,

é que, ó menina furacão, de ti, acende me o coração.

Luana Cezar
Enviado por Luana Cezar em 06/05/2024
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