A visão é poética nos binóculos

Os tempos de cheias transcendem lembranças de uma infância

Vasculho agora antes que evapore

E aqueles guris: Cícero, Chico, Badeco, por onde andam?

A imagem flerta com o inicio de uma busca de jegue no açude das doneiras

Cheio

Guris em busca de água perdidos no enredo

Lá era quase uma bacia comunitária de todos

A visão é poética nos binóculos

Miúdos serelepes em um jumento a serviço de um jogo de ancas num par de cangaias, e fazíamos um trecho em léguas em busca do acaso, fazendo-se de útil à escassez

Memórias contadas em negativos.

Relíquias!!

Embora um nordeste rico em história troveja por aí as andanças de uma época sobre pobreza

A água era um exercício líquido de vida

Ainda trinca os gritos dos meus pais

Busca ou apanha!

Escaldante era o sol e corríamos pintando o sete. Para minha mãe éramos suspeitos

O objetivo era o esconde- esconde e como proteção as sombras das aruqueiras, juremas e marmeleiros

Poeira como rastro trouxe-me a esta realidade e como de fato, a poética, e não saudades

Cícero Bizzuka
Enviado por Cícero Bizzuka em 25/04/2024
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