Era  o  amor


Sinto falta dos finais de tarde, quando depois dos seus voos, mesmo enfadado, ele pousava, fosse lua nova... cheia, ou noite de escuridão, ele sempre alegre do seu dia contava. Atravessava mares, com seu doce canto, transbordando amor e emoção, ele chegava... Ah quanta euforia, à minha alma trazia, quanta ilusão, e sonhos causava.

 

Aquela ave encantada, em sua magia, coisas lindas me escrevia... cantava afinado! E me fazia cantar! Os dias tinham mais sentido, a lua tinha mais cor, os outros pássaros em coro, entoavam alegria, que falta faz o brilho intenso que ele causava no fundo do meu olhar, era e sempre será amor.

 

Não éramos solitários, mas uma dupla solitude que o tempo fez cruzar seus destinos, uma era a ave triste, a outra veio para suas asas quebradas consertar, foi uma vida inteira para um existir, docemente modificar... com o tempo, num repente, ele mudou  o seu jeito de cantar, aprumou o seu voo, para depois partir.

 

Era o amor cumprindo a sua missão, veio para ensinar a amar, deixou a sua marca... lamentando, esgueirou-se, deixou a outra ave sozinha, para sempre se foi, sem uma despedida. Ela num canto, perdida e triste ficou, sem vontade de voar por voar, sem ele, sem rumo na vida, em seu mundo fechado, de dentro do seu ninho a chorar.

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 08/04/2024
Código do texto: T8037196
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