E ainda assim...

Ao voltar, a encontro deitada –

Ela, a personificação do tempo e da tristeza profunda.

Às vezes, ela dança: juventude e glória

se derramam de sua pele, viva e fluida.

Séria, perdida entre páginas, ela mora em pensamentos.

Lembro-me dos óculos –

janelas para um assombro pessoal,

clara, cautelosa, prevendo a vida.

Mas também, uma vez selvagem,

ela corria, entrelaçando palavras de aço,

pontas afiadas como espinhos –

a descarga abrupta de um sonho estilhaçado.

Calor, queimação, boca e pernas,

seios tensos alimentando toda a carne sedenta

que a usurpava, implacável.

Amou com paixão, foi amada, abandonada,

consumida – e consumiu, por sua vez,

quando, como as estátuas de mármore grego,

se armava para a batalha.

Agora ela repousa, e todas elas –

recordações e moderações –

são veneradas na mesma imagem.

E ainda assim, sonha com a alegria...