NO VÁCUO

NO VÁCUO

 

Improvisar às vezes é preciso,

Ou se enganar para sobreviver,

E andar por aí, qual pedra de liso,

Nos faz correnteza só para te ver.

 

Quando me deparo nas curvas do rio,

Ainda sou loca que esconde o peixe,

Mas dou carona a um batráquio vadio,

Que lá mergulha, desde que eu deixe.

 

Eu só tenho medo de ser escorpião,

Que só tem carona da sua vítima,

Pois guarda o instinto de lampião,

Cheio da ira que não está escrita.

 

Eu quero os dias que sejam irmãos,

Mas sem ter o mau Caim a meu lado,

E quando puder ser Maria ou João,

Eu vou desejar Madalena de fato.

 

Quem anda no vácuo ou na escuridão,

Causada pelos conflitos da alma,

Aprende que nem tudo tem previsão,

E o meu coração só quer sua calma.

 

Aquele ex-jovem se vê tão cansado,

Será que o labor secou sua energia?

Mas junto ao seu amor sem pecado,

Ele quer o seu colo e sua alegria.

 

Viver os dias que ainda faltam,

Deveria ser sempre um presente,

E não ver que ainda se fartam,

Das dores que estiveram ausentes.