Glorinha

 

Glorinha saiu de casa

e ela ainda não voltou.

Não me disse para onde ia

nem por que me abandonou.

Glorinha se foi de dia,

mas no meio da noite alta

eu sozinho no meu leito

vou sentindo que me falta

a doçura dos seus lábios,

os seus dentes no meu peito.

Faz-me falta a voz macia

ao falar no meu ouvido

coisas próprias da libido

quando o amor acontecia.

 

Hoje inteira mais um ano

que este fato sucedeu.

Não sei se Glorinha é morta

ou se quem morreu fui eu.

 

 

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Na ilustração, Flores de Verão de John W. Godward (Reino Unido, 1861-1922).

João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 18/03/2024
Código do texto: T8022737
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