preparação para um entendimento imaculado

No vazio, cada vulcão encontra seu espelho,

Após eras de expulsar sua essência dispersa ao vento,

Descidas que, como veias de um mundo esquecido,

Conduzem ao abismo onde a luz se rende ao inominável.

Nesse declive, a terra carrega a memória

De um silêncio ancestral, e nós,

Transformados em solidão e sombra,

Confrontamos a vastidão de sentimentos que,

Como um fogo fátuo, dança ao ritmo do oculto.

Aqueles que, contra a vontade, mergulham mais fundo,

Buscam regar a semente escondida sob a terra árida,

Com mãos que ainda tremem com os fantasmas da juventude,

Desconhecendo que cada explosão de vida

É um clarão que desafia a escuridão.

Na taberna dos sonhos, onde o vinho se mistura ao perfume da pele,

O sagrado e o profano travam sua dança eterna,

E a dor, doce como mel, revela-se em gotas de sangue,

Testemunha silenciosa de que mesmo a mais ferrugenta das existências

Pode brotar frutos de uma doçura cítrica sob o sol.

Neste lugar, onde o silêncio é uma linguagem,

E os amantes se descobrem entre sombras e luz,

Aprendemos que toda beleza carrega a semente da decadência,

E que cada palavra, cada silêncio,

É um fio que tece a vasta tapeçaria do ser.

Não, meu amigo, não estás cego;

Vês conforme a altura de teu salto,

Mas aqueles que respiram o pó do esquecimento

Percebem que, mesmo nos sorrisos,

Há uma procissão de sombras que marcham pelo rosto.

E assim, ao contemplar o milagre da vida,

Que mesmo em sua queda mais trágica,

Revela-se como a mais sublime das artes,

Choramos, não de tristeza, mas de um assombro

Que nasce no momento mais inesperado.