introspecção

À soleira das coisas, ficamos à espera,

ansiedade a pulsar no peito, pelo chamado

para nos debruçarmos sobre o núcleo, o íntimo

do ser; esse que não se dissipa em meros devaneios,

nem o ofego do peito turva o olhar da pele.

Implacáveis, nos afastamos do que nos nutre,

e nos apresentamos, vivos,

ainda que o supérfluo jamais mude o mecanismo diante

daquilo que se basta. Mas, o que dela se conhecerá

revela o contorno, a alma desnuda, o núcleo premonitório

de uma gota escarlate de vida, da fugacidade que no infinito ecoa,

e questiona se o traje que porta é o mais puro ou aquele

que, aos olhos dos que observam do outro cômodo, se decifra,

e percebe que a pedra refletida no espelho admite ser uma pedra imaginada