NO ÁTRIO DA MUSA

(...) É o vate que carrega em seus ombros / As dores surdas do mundo... / Tem coração e alma multicores / E no seio da poesia (...) / Ele canta a vida! / Estando no trono da alegria / Ou esqueleticamente fenecendo... / No altar dos sofredores!

 

Sim! Poeta...

Faça sua ode ao amor

Ou à poética lua...

Talvez sob a prata-luz

Um dia tivestes a amada

Em seus braços, linda e nua!

 

Sim! Poeta...

Verse sua pátria, sua terra

Conte-nos sobre os dias de paz

E também sobre os reis da guerra

Só não difame ou calunie seu torrão

E que nunca precises vender sua honra

Ainda que lhe falte... o sagrado pão!

 

Mas meu caro bardo

Não esqueça que...

 

Poesia é mistério!

É como o vinho...

Que embebeda a luxúria

Mas também está na taça

Dos que com a boca...

Vangloriam-se sagrados

Mas a escura alma...

Está presa na redoma

De abomináveis pecados!

 

A poesia é livre, metrificada;

Parnasiana ou marginal

Versa em rimas ricas sobre o belo

Mas também grita, sofre, sorri!

Nas palavras daqueles...

Que visitaram os calabouços do mal

 

A poesia é como a beleza

Revestida de espinhos...

É uma peleja abstrata e inexorável

Onde quase combalidos...

Continuamos sozinhos!

 

A poesia é como a tristura

Que de tanto sofrer...

Desiste de mendigar por carinho

E finda seus dias...

A clamar pela loucura!

 

 

 

A poesia é frio, é fogo

É abismo e paraíso

É o suspiro da vida

Ou o indesejável

Ósculo da morte

É um poeta anônimo

Que insanamente zomba...

Da mandala da sorte!

 

A poesia também é...

Fúria! Amor, pretérito e presente

A poesia é sangue e sonho

Nas rubras conárias...

De pecadores e inocentes

 

NO ÁTRIO DA MUSA

_Por Fábio Ribeiro