DANÇANDO UM TANGO NOTURNO

Sob o manto estrelado da madrugada, onde o silêncio reina em quase perfeição, deslizo pelas entrelinhas do pensamento. As sombras tecem com fios invisíveis, desenhando uma senhora em um espetáculo particular, a única testemunha é a brisa que murmura a trilha sonora desse tango noturno.

Na penumbra, os contornos familiares do mundo se transformam, ganhando uma nova aura de mistério. Meus sonhos passeiam nas ruas vazias, e cada batida do meu coração ressoa como um eco nas paredes da memória. Há uma magia nas horas tardias, um encanto que envolve as sombras que dançam suavemente a trilha sonora dessa jornada noturna.

Encontro os reflexos em poças d'água esquecidas pela chuva que partiu. Cada gota reflete a luz das estrelas, como pequenos espelhos que capturam a essência efêmera da noite. São janelas para outros mundos, portais para onde a imaginação ousa buscar o meu amor, a minha musa que, como a chuva, também partiu.

E na quietude da madrugada, os pensamentos ganham asas, voando para longe, alcançando horizontes distantes, lá onde ela foi morar. As palavras se entrelaçam como fios de seda, tecendo histórias que flutuam no inconsciente e desaparecem quando os ventos agitam as aguas e o reflexo se desfaz. É como se a própria noite fosse uma tela em branco, esperando ser preenchida com as pinceladas do pensamento.

Na calada do tempo, o poema se desenha, uma tapeçaria de emoções, cores e nuances. Cada frase é um pincel que acaricia a tela, criando um quadro efêmero que se desfaz com o clarear do dia. Tão logo a poesia se revela nas palavras silenciosas da noite, um suspiro do universo que ecoa na alma do sonhador insone, dançando uma sinfonia solitário, a trilha sonora desse tango noturno

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 23/11/2023
Código do texto: T7938786
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