O SENSO DE POSSE E SEUS PANOS DE FUNDO

Pelo senso de posse, perseguimos um “meu” enquanto o “nosso” padece,

Derrama-se sangue por um pedaço de terra, enquanto a Terra sangra,

E reforçando o que já um lamurio profundo, seus panos de fundo,

Uma ideia sagrada transformada em uma ou várias celas,

Preferem aprisionar a libertar,

Preferem controlar a ensinar.

Pelo senso de posse, seguimos sem entender que somos inquilinos até do próprio corpo,

E qual o lucro de uma luta individual, se o coletivo segue agonizando...

Bastava um pouco mais de respeito por tudo, porque tudo depende de respeito,

E no mundo caberiam os Deuses, as filosofias, o ateísmo e a ciência,

Mas parece que viciamos neste caminho das negligências,

Caberiam todos no bom caminho, se respeitando,

Caberiam negros, brancos, índios e todos os povos,

Mas de repente, o que claramente seria a única via,

Que nos conduziria para uma harmonia,

Foi se distanciando da realidade, virando sonho distante, agora uma utopia,

Parece que preferimos chorar ao invés de rir,

Parece que preferimos brigar ao invés de unir.

No fim, só lembram das árvores para imprimir seus novos dinheiros,

A economia não pode parar, anulando a preocupação de como iremos viver sem ar,

A fauna, a flora agonizam e imploram,

A Terra em suas tempestades parece tentar um último despertar,

Mas não estamos ouvindo o que ela está a bramar,

Porque os sentidos estão anestesiados por um constante preocupar,

O mundo virou um caldeirão do medo, ansiedade e desonestidade,

E como escapar de um círculo vicioso e deixar um caminho melhor para posteridade,

Quando os que estão dando as cartas do jogo, se divorciaram de qualquer humanidade,

Ah, se o sentir fosse considerado mais importante que a vaidade,

E se as intenções não fossem maculadas pelo ego e maldade...

Pelo senso de posse, destruímos o próximo sem ver que destruímos a nós mesmos.

A pergunta é simples. É melhor chorar ou sorrir,

guerrear ou cuidar, ferir ou amar?

No fim, os Deuses, filosofias, e qualquer outro caminho será em vão,

Quando em minhas palavras, as justificativas se assemelharem a poesias,

Mas o ódio estiver no lugar do amor, fazendo moradia no coração.

Só nos resta uma oração, um pensamento, um desejo,

Que todos vejam a revelação e acordem do pesadelo.

Que possamos seguir com mais racionalidade.

Que se possa olhar e ver,

Que se possa escutar e ouvir,

Que se possa tocar e sentir,

Que se possa falar e comunicar,

E sempre lembrar de respirar,

Para que possamos evoluir.

Ao invés de replicar o desconhecimento, possamos interpretar,

Interpretar os sinais da natureza,

Um abraço apertado,

Um olhar que abre a janela da alma,

Interpretar os Deuses, as filosofias, a ciência,

Interpretar a si mesmo,

Tentando construir um melhor coletivo,

Onde o individual poderá se reconfortar,

Pois só assim continuaremos o nosso enredo,

Livres de quaisquer celas e medos,

Para que um dia essa utopia, se transforme novamente em sonho,

E que no fim de tudo seja uma realidade que conseguimos aplicar,

E que todas as diferenças não causem mais distinções, e sobre a base do respeitar,

Unindo as diferenças, seguindo em comunhão, para que a cada dia possamos nos fortificar.