como as pedras

Na região onde os frutos deslizavam,

Adornando a mesa com sua promessa,

O almoço era um ritual solene, todos sabiam,

A medida precisa para temperar nossos pratos,

Mesmo que a proporção permanecesse sutil,

Árvores, com folhas que buscavam utopias,

Perfeitas e simétricas em sua forma,

Narravam a essência das coisas com exatidão,

Desde as raízes, nossos pés entendiam

A terra, mais profundamente do que o chão de pedra

Que nos sustentava, mesmo nas quedas mais duras.

Seus frutos nos tornavam amantes ávidos,

E a pele das mulheres, como correntezas deslizantes,

Fluindo livremente pelos sulcos das pedras,

Para serem amadas, com requinte, pois

O amor era uma virgem eternamente pronta

A receber novas águas, novas chuvas.

E junto a elas, fluíam encontros libertadores,

Desprendendo o prazer das pedras mais nobres,

Quando o sono dos deuses se aproximava,

Nos transformávamos em ventania ou uma ladeira íngreme,

Nossos braços se seguravam com firmeza.

Assim, ao amanhecer, o tremor branco e laranja,

Úmido e vibrante, desdobrava-se sobre a relva,

Saboreávamos nossas refeições com gratidão,

Agradecendo à voz de um verbo que nos ensinava

A navegar entre o alto e o baixo, o dentro e o fora.

Foi nessas horas que compreendi

Que as pedras eram perfumes endurecidos pelo medo.