setembro

Setembro desvela a luz,

Espasmos de lucidez.

A tormenta, guiada pela lanterna

De uma borboleta amarela, asa sem sangue,

Onde o amarelo pousa,

Assim como no sol dos amados.

Setembro não faz pactos,

do colorido e do preto e branco

são esculpidos os seus retratos

Pedras, aço prateado, corredeiras congeladas,

Crianças, vento, cata-vento, janela entreaberta.

As praias, ondas que desfalecem,

As praças invadidas.

O pássaro translúcido, invisível gigante,

Desdobra as asas na cidade vertiginosa,

Cascata contínua a umedecer

Os pensamentos, frescos, festivos.

Cordilheiras além do espaço, auroras que

Chovem sobre a terra até o entardecer.

Em setembro não se vomita,

Nem a angústia, espaço tão ínfimo.

Todos amam em setembro,

O sol é um pássaro de asa aquosa,

Todos brindamos ao deus

Da clareza, e os corpos se ofertam no claro

De suas próprias solidões.