quero ser uma pedra

A flor não é mais a mesma, assim como este caminho,

Sem camisa, à margem em procissão,

As nuvens nos comovem como o braço de uma esfera.

Naquela manhã, o sol se esticou, quase rasgando o céu,

Pronunciou teu nome, soletrando, quem dera!

Falou sobre o claustro, coube a ti lavar a asa com zelo,

Subir na torre e declamar um poema.

Pude encontrar uma pedra de sal que sustentava aquela agonia,

Quando você veio ao meu encontro, a cada beijo, morria,

E seus dedos eram devorados por minhas lágrimas.

Até que não mais perecesse e fizéssemos da laranja uma catedral,

Onde proferíamos nossas preces e levávamos os anjos para praças.

Naquela noite, todas as margens se encheram, água soberba, presa,

Sem raiz, o mundo se tornou fluido como nossas palavras trocadas,

Me declarei para ti, te amo, e sei que as raízes estão se afundando,

Firmes, ainda premiadas, atravessaste o asfalto e bebeste um elixir,

Carregavas em teu bornal, do outro lado, o retrato do noivo,

Que fugiu com uma mulher mais bela do que uma pedra.

Então, tu me disseste: "Quero ser uma pedra."