nervura do real

Teu silêncio será ouvido,

Doce e decantada vertigem,

Vestido que mal a envolve, esfacela,

O sexo no céu mais epidérmico, me intriga.

Em febre profunda e extática, desvela-se,

O ventre, serpente, aranha, crepúsculo,

Sentido, escorpião venenoso, desloca-se,

Vida imprevidente, um triste tumulto.

A vontade, poderia tanto, mas em vão,

Pela metade, hoje, desafiada tristeza,

É o prazer, fruto e seu núcleo, doce ambição,

Puro suco, vertigem rumo a outra certeza,

Destilado da memória, sua expectativa,

Esfola-se, a coisa mirrada estende-se na entrada,

Rua de pedra, onde a chuva que desce e

Não corre, submerge, galáxias inteiras,

Afogam-se na impureza escura de

Tantas águas, quimera insolente,

E a dor desolada, então,

Tu chamas meu nome, conheces meus

Braços, o ventre que aquece, o prédio em agonia.

No nome de outros que quase não conheço,

Assim, tuas unhas despedaçam minha carne, meu

Sangue é o teu prato, nervura do real, obscuro,

Firme, extremado, permaneço,

Aguardo quando a porta se abre, já

Quando se fecha, a saída é para baixo.