sê inteiro - o contrato

Desvirginada a noite, o impossível trabalho,

o dia falta substância, porém já vive,

atrás do horizonte surge. Desperto, o corpo demora a compreender.

Na cama, aberta a clareira, apenas a respiração recorda,

ou ela me recorda,

que esporas e um sol, como lençóis estridentes, possuo,

que artérias carregam o material para forjar o dia,

suas inúmeras fotografias, das quais, com sorte, uma, inserirei

no álbum. A meu lado, essa outra vida me acompanha

e seus olhos tornaram-se a rota alternativa que a vida tramou sobre os muros.

Os signos que através da carne nos trespassam, e pouco podemos fazer,

exceto assobiar a mesma canção que nos faz esquecer,

quando me levanto, não sou mais eu, mas uma companhia

de desordeiro, o esmerado e o trapaceiro, o pouco

e o voo, todas essas coisas que, virando as costas,

são as mesmas coisas: dreno, ventosa, saliência,

que sem seu ângulo mais derradeiro, não passamos

de fantasia, completos não seremos, exceto pelo contrato

que já experimentamos.