sob os pés
Abaixo dos pés, riachos de cimento fluem.
Pelos vasos da metrópole, onde corre
O engano solene das lembranças, portais,
Vidraças, o muro por onde a luminosidade serpenteia pelas fissuras,
Olhos desterrados investem contra nosso olhar,
Moradas, vielas, cuja escuta reside nas palmas.
Afagam os objetos, aguardando que as palavras
Se tornem a fonética de uma existência intrépida,
Às margens dos objetos, outros objetos fragmentados,
As torneiras desvendadas são seus apêndices expostos,
Como membros seus, ou pernas esculpidas, onde
A vida, o globo, a violência pressionam e
Sorrateira, se infiltra nas vilas ainda em botão,
Qual fluido que vaza de suas veias
Sob a pressão, ó rosa, a umidade intensa
De existir, água que se obriga a mover-se
Entre as visões, seja crua, austeramente ou destilada,
Acesa está a cicatriz e sem meandros se escuta
A chaga, que despenca sobre sentidos, e o coração
Palpita, e a aflição, pelos esgotos, nos blocos
Se amalgama.