Poesia de estrada

sou teu dia, tua noite

sou teu quarto

sou teu Dramin de 8h

em 8h

sou teu chão, sou tua sina

sou o homem ao lado

que tenta flertar com você

sou tua guia, sou teu bem

sou teu mal

sou o casal Petrolina

& Juazeiro

sou um ponto de apoio decadente

sou um cachorro abandonado

no meio do caminho

sou o pão que você não come

o café que você recusa

sou a comida que você julga

sou uma pracinha repetida de interior

sou uma conversa boçal de política

e coisa e tal

e tal e coisa

sou tua história de como a distância é desgraçada

sou a vista que se distancia de tua mãe

pela janela do ônibus

sou a caneta que te deram

sou este poema de fim de mundo

escrito no verso de um recorte

da tua passagem Guanabara

quem sou eu?

“eu sou você”,

me disse a estrada enquanto

corria sem olhar pra trás

- em algum lugar da Paraíba